segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Porque não compartilhar uma cama, quando se compartilha uma vida?

Eu torço para que você não passe por essa vida sem se permitir sentir um dos maiores prazeres que a maternidade pode proporcionar: ver um filho se aconchegar no calor dos seus braços e se render ao sono na segurança do seu colo. Se sentir o porto seguro de alguém completamente entregue, que só precisa que você esteja ali, de corpo e alma. Acordar no meio da noite, olhar para o lado e sentir o cheirinho inigualável que o seu bebê exala enquanto dorme, admirar sua respiração, suas feições enquanto sonha. Há quem deixe momentos como esse passar sem se dar conta de que perdeu algo. 


Compartilhar a cama dos pais com o bebê é mais uma coisa que fomos levados a considerar errado. E caímos feito patinhos. Se fizermos uma rápida avaliação de como a espécie humana chegou até os dias atuais, facilmente vamos concluir que não foi dormindo longe dos seus filhotes. Essa coisa de deixar chorar no berço pra aprender a dormir eh coisa de poucos anos, se comparado ao tempo em que os humanos habitam esse planeta. Se os homens das cavernas fizessem isso, o choro do bebê atrairia predadores e eles fatalmente morreriam. E quanto a dormir em quartos separados então, existiam quartos nas cavernas? A mãe carregava a cria junto ao seu corpo durante muito tempo, era uma questão de sobrevivência. Milhares de anos se passaram, somente os bebês que permaneciam em contato corporal constante com a mãe sobreviveram. Aí o homem saiu das cavernas, foi morar em casas providencialmente divididas em cômodos e, já que agora estamos em segurança, os bebês podem dormir sozinhos em seu próprio quarto. E aquele serzinho primitivo, com genes naturalmente bem selecionados para que não se separe do corpo de sua mãe, chora desesperadamente pra não ficar a mercê de um predador, ou morrer de frio, ou de fome. A mãe sente que deve pegá-lo, não quer se separar dele nem, ou principalmente, enquanto dorme. Mas alguém já a preveniu que fazer isso é errado, e inclusive já nomearam a quê estará sujeito seu filho caso ela insista nessa insanidade: "estrago infantil cronico", um mal que assola todas as crianças que são ninadas e colocadas para dormir na cama dos pais. Agora se coloque no lugar de alguém que acabou de nascer, mal enxerga, sente necessidade de contato físico constante pra estar seguro e é deixado num berço em um quarto sozinho, porque, afinal, não podemos acostumar mal o menino. Que sentimento isso traz pro bebê?


Se você me pedisse um conselho, somente um, eu diria sem medo de errar: não deixe seu filho sozinho. Nem pra dormir. Carregue-o junto ao corpo por todo o tempo que sentir que deve. E só você sabe o quanto deve. Se permita quebrar as regras, leve seu filho pra sua cama quando sentir necessidade. Isso não vai acabar com a sua vida conjugal, eu posso jurar que sexo pode ser feito em outros locais da casa e não somente antes de dormir. Se permita sentir e não pensar. Mais pele, menos cérebro.




Tales dormiu em nossa cama ate os 2 anos, mais ou menos. Não sei se coincidentemente, mas foi exatamente durante todo o tempo em que durou a amamentação. Durante os cinco primeiros meses de sua vida, eu insisti em levá-lo para o berço que ficava em outro quarto sempre que terminava de amamentar. Foram as piores noites da minha vida, e tenho certeza que da dele também. Quando nos permitimos deixá-lo dormir a noite toda em nossa cama uma realidade paralela se abriu diante dos meus olhos: era possivel amamentar sem nem ao menos acordar. Com o passar do tempo ele foi desenvolvendo a maturidade neurológica que era necessária para dormir a noite toda e começou a se sentir seguro para pedir pra dormir em seu quarto.

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